
Revendo esta foto do largo da Praça da Matriz de Brazópolis descobri o segredo da verve singela e cativante do poeta Alfredo Noronha: “o coqueiro do Largo” – inserido nos versos do Hino à Brazópolis, composto por ele e musicado por Waldemar Pereira Mendonça, maestro da Banda Santa Cecília, nos idos de
Eis como seria a 4ª estrofe: (Apud – Euclides Pereira Cintra in “BRASÓPOLIS, do Litoral à Vargem Grande” pág 14)
...
4. O coqueiro lá do largo
É relíquia para nós...
Recorda ele os bons tempos
De nossos caros avós.
Refrão: Brasópolis, terra querida
Cidadezinha de luz
Brasópolis, miniatura
Da Terra de Santa Cruz...
A foto nos leva para um passado tão distante e tão próximo que faz aflorar a mais intensa saudade de nossa infância e juventude. “Recordar é viver” dizem todos os poetas; eu ousaria acrescentar que recordar é ressurgir (voltar a existir ou a viver) de um passado glorioso e usufruir a essência da vida nele vivida. Afinal, o que é o passado senão a soma dos momentos de alegria, de tristeza, de decepções e de vitórias que cada um de nós viveu e carrega como fardo, ora leve e risonho, ora triste e pesado?
Confesso que, revendo a foto, uma lágrima furtiva escorreu pelo rosto e lavou a minha alma. Foi um banho de saudade que fez muito bem à minha saúde espiritual.
Saudade, que palavrinha tão necessária, importante e única dentro do universo das línguas vivas.
“Sodade”, grito dos velhos escravos raptados do seio da querida “Mamãe África”.
Saudade, privilégio dos que amam e não esquecem.
Saudade, melancolia, tristeza suave e necessária que alimenta continuamente o amor à nossa gente, à nossa Terra Natal, às nossas coisas.
Além do coqueiro que nos embala os lapsos do passado, a gente pode ver a Bomba de Gasolina do Bar do Zé do Tronco abastecendo o Ford Bigode do coronel Henrique Braz Pereira Gomes; mais adiante a gente pode ver o Hotel Central, a casa do “Jucabrito”, a barbearia do Gustavo, a loja do Pedro Gomes, o bar do Geraldo e o requintado Chevrolet do Paulista.
Mas toda esta paisagem fica menor quando nossos olhos focam o galo fazendo pose para esta foto.
Quem será a menina de meio olhar com uma garrafinha de Guaraná nas mãos? Será que os dois meninos não estão armando uma cilada para segurar o galo?
Newton Alfredo Ribeiro de Noronha
Estiva, 18 de fevereiro de 2011
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